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Uso de drones reduz custos e garante precisão no controle biológico da broca da cana

Por: Revista RPA News

Confira na íntegra: https://revistarpanews.com.br/uso-de-drones-reduz-custos-e-garante-precisao-no-controle-biologico-da-broca-da-cana/

 

 

Maior cobertura de área, qualidade de aplicação e redução de custos de até 40% na operação são alguns dos ganhos obtidos com o uso da tecnologia

A broca continua sendo uma das pragas mais importantes da cana-de-açúcar e fazer seu manejo integrado com o uso de ferramentas químicas e biológicas ainda é a solução mais indicada para reduzir os impactos causados por ela.

Segundo Leila Luci Dinardo Miranda, engenheira agrônoma e pesquisadora do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), vários trabalhos realizados ao longo dos últimos anos mostram que para cada 1% de intensidade de infestação de broca, se perde de 1,4% a 2,9% de TCH (produtividade).

“Além da perda de TCH ainda temos redução na produção de açúcar e álcool e problemas na fermentação. Então, a broca é uma praga bastante complexa e importante para o setor, principalmente considerando que se faz a colheita de cana crua”, adiciona.

Mais recentemente, graças ao uso dos drones para a liberação de ativos biológicos como a Cotesia flavipes e o Trichogramma galloi, o controle biológico da broca se tornou ainda mais eficiente, com qualidade da aplicação, maior rapidez, melhor atendimento à flutuação das populações de pragas e menores custos. Além disso, a tecnologia do drone inclui um mecanismo dosador preciso, capaz de distribuir de forma exata o agente biológico nas áreas a serem controladas.

De acordo com Edmilson Ruiz, gerente Operacional da Natutec, empresa pioneira no desenvolvimento da tecnologia para liberação de agentes biológicos via drones, esta aplicação vem crescendo anualmente devido à sua alta capacidade de atuar em áreas mais restritivas, ganhando em eficiência na operação e garantindo a segurança de todos os colaboradores envolvidos na atividade.

Hoje, a liberação de agentes biológicos em campo, como Cotesia e Trichogramma, por exemplo, ainda é realizado em muitas propriedades de forma manual com a utilização de copinhos, gerando a necessidade de muita mão de obra. Além disso, esta operação acaba não sendo tão eficiente devido à distribuição manual dos agentes ter baixo rendimento.

A viabilidade na liberação de biodefensivos via drone se destaca na sua capacidade de cobrir grandes áreas e realizar o controle em momentos de picos de infestação, além da vantagem na qualidade de aplicação, rapidez e precisão do mecanismo dosador com rastreabilidade. “Com a utilização via drone, estima-se uma economia operacional em torno de 30 a 40% e uma economia de bioinsumos de até 60%”, revela Ruiz.

 Como é feita a liberação de Cotesia e Trichogramma?

De acordo com a pesquisadora do IAC, o nível de infestação médio de broca aceitável para uma usina ou produtor de cana é próximo a 1% de entrenós brocados. No manejo integrado da broca-da-cana, se utiliza como método biológico principalmente o parasitoide Cotesia flavipes, que possui um ciclo de aproximadamente 21 dias, quando suas larvas se alimentam da broca.

“A Cotesia é um parasitoide de lagartas, então a vespa fêmea procura a lagarta, coloca seus ovos, e as larvas que nascem digerem o interior da lagarta, provocando a morte da broca”, explica Leila.

Em oposição ao método tradicional de liberação de Cotesia, que faz uso de trabalhadores rurais e o agente acondicionado em copos descartáveis, na liberação com o drone, as vespas são colocadas em recipientes desenvolvidos com celulose biodegradável que, segundo a Natutec, além de não causarem impacto para o meio ambiente, oferecem conforto térmico e segurança para o agente biológico.

A tecnologia revolucionou o uso de predadores e parasitoides na agricultura de larga escala, principalmente por ter uma liberação homogênea e georreferenciada na área. Com isso, segundo Ruiz, o inseto não gasta tanta energia para procurar a praga e tem uma eficiência maior do que a liberação manual, além do registro de pós-aplicação ser muito mais completo.

Outro fator importante é o tempo muito inferior de cobertura de hectares por dia. Segundo dados da Natutec, com o uso do drone é possível fazer em uma média 250 ha/dia/drone.

Outro agente biológico importante para o controle da broca é o Trichogramma, um gênero de vespa parasitoide de ovos. De acordo com a Natutec, a liberação via drone distribui os ovos a granel de um hospedeiro alternativo, parasitado pela vespa Trichogramma diretamente na cultura afetada, através de um dispenser rotativo preciso, que garante não só a distribuição homogênea e georreferenciada do agente, como também a entrega de mapas de pós-liberação. No caso do Trichogramma, segundo a companhia, a cobertura de hectares por dia chega à média de 350 ha/dia/drone.

A quantidade de Trichogramma ou de Cotesia a ser liberada em uma área deveria depender da população de broca. De acordo com a pesquisadora do IAC, inclusive, no passado se fazia um levantamento para verificar quanto de população de broca se tinha para poder liberar uma quantidade certa de ativos biológicos.

“A quantidade de Cotesia liberada era definida em relação à população de broca, mais ou menos 2,5 vespas para cada broca maior que 1,5 cm no interior dos colmos. Hoje em dia não se usa mais esse tipo de amostragem porque ela precisa de muita mão de obra, então, tem-se estipulado a quantidade de Cotesia a ser liberada. Normalmente, liberam 8 copos com 1.500 vespinhas cada por hectare. O Trichograma também é liberado em dose constante, algo em torno de 3 liberações, uma a cada uma semana, de cerca de 50 mil indivíduos”, explica a pesquisadora do IAC, que adiciona que o uso de drones tornou ainda mais barato o controle biológico.

“O drone além de ser mais barato, permite que se libere Cotesia no final do dia, quando a temperatura está mais amena. É possível fazer uma distribuição melhor tanto da Cotesia quanto do Trichogramma. Esses são os aspectos mais positivos ao meu ver”, acrescenta.

Drones promovem aplicação mais eficiente e segura em usinas

A usina Rio Amambai Agroenergia (RAA), localizada às margens da BR-163, em Naviraí, MS, fazia, até 2018, a aplicação de Cotesia manualmente. Segundo Saville Souza, responsável pelo Controle Agrícola e Daniel Mundim, responsável pelo Planejamento Agronômico da usina RAA, antes, o controle era feito com equipes entrando nos canaviais segurando um copinho plástico que continha as Cotesias.

“Andavam cerca de 5 metros para dentro e colocavam o copinho entre as canas e, assim, sucessivamente, até fazer a aplicação em toda área necessitada.”

O uso do drone para a aplicação da Cotesia na RAA começou em 2019. “Hoje, o controle de broca na usina é feito primeiramente com a implantação das armadilhas Deltatrap, uma armadilha a base de feromônios que contém cerca de 3 ou 4 fêmeas no seu interior, que é colocado para cada 50 hectares de cana e deixada lá por três dias.

O resultado do uso do drone nas aplicações de biológico apontou diversas vantagens, como a segurança e garantia de aplicação, geração de mapas georreferenciados, aplicação mais rápida e eficiente, redução do risco de acidente de trabalho, diminuição do volume de material a ser manejado e facilidade de logística. “A aplicação com o drone é muito mais precisa e rápida, podendo dar mais tempo para os funcionários desenvolverem outras tarefas no campo”, explica Souza.

Já a Pedra Agroindustrial, localizada em Serrana, SP, faz o controle biológico da broca da cana-de-açúcar com aplicação de Cotesia flavipes via drones desde 2019. A companhia, de acordo com Roberto Malheiro, analista de Processos Agrícolas, faz a utilização desse manejo em cana planta e soca. “A utilização de drones na aplicação biológica otimizou a nossa logística de liberação, garantindo a segurança do processo, otimizando o tempo e rendimento”, disse.

A liberação da companhia é feita pela Natutec, que recebe toda a programação de aplicação e organiza os mapas, planos de voo e execução da liberação. “O uso de drones no controle biológico hoje é realidade no setor e é um caminho sem volta. A tecnologia otimiza a aplicação, garante maior segurança aos colaboradores e é uma atividade de ótimos resultados e rentabilidade”, adiciona Malheiro.

Qualidade na operação depende de expertise

O custo por hectare de aplicação de ambos os agentes varia de acordo com o tipo de cultura, volume de área, produto e região de aplicação, segundo o gerente de Operações da Natutec.

Devido à grande eficiência dos drones, inúmeros prestadores vem aparecendo no mercado, entretanto, Ruiz ressalta que nem todos utilizam procedimentos operacionais adequados. “O profissional, além do conhecimento técnico específico para operação de voo, deve ter ciência de boas práticas de utilização do equipamento, além de seguir os procedimentos operacionais estabelecidos”, explica o gerente Operacional da Natutec.

“A Natutec atua no controle biológico via drone e fornece aos clientes um controle mais eficiente, referente à qualidade de liberação, redução de custos operacionais, agilidade e precisão de operação, produtividade diária em cobertura de hectares muito além da liberação manual. A tecnologia é precisa e enviamos ao término das liberações os relatórios de pós-aplicação, com dados georreferenciados e informações relevantes, como quantidade de insumos utilizados, condições climáticas e registro da área liberada”, destaca Ruiz.

Ainda de acordo com ele, a Natutec, mesmo sendo uma marca da Koppert, oferece aos seus clientes não só a aplicação dos produtos da própria fabricante de biológicos, mas também a aplicação de produtos biológicos produzido por outras empresas. “Além disso, somos pioneiros no Brasil em geoprocessamento de imagem e no desenvolvimento das tecnologias via drone para liberação de agentes biológicos, com serviços voltados à agricultura digital. Para o setor canavieiro, trabalhamos também com imageamento aéreo e geoprocessamento de dados, além da pulverização agrícola. Temos como fruto do geoprocessamento: ortomosaico, identificação falhas de plantio, geração de linhas de colheita com base RTK, modelo digital e superficial do terreno, monitoramento de erosão e planialtimetria”, finaliza Ruiz.

Por Natália Cherubin para RPAnews

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